Sunday, September 28, 2008

Pra começo de conversa

Vamos começar pelo começo.

Festa de despedida: chego em casa completamente bêbado às 7h da manhã depois de uma quantidade ofensiva de chope, alguns goles de bons uísques, jogos de lógica do Cainelli, histórias repetidas do Pyw (sempre muito boas) e o comparecimento de uma série de pessoas de grande relevância pra minha vida (valeu aí, bando de chinelos - porque pra ser meu amigo tem que ser chinelo).

Bom, mas ao que interessa. Passei mal pra garái na sexta, febre, ânsia de vômito, enfim, o pacote completo da ressaca. Melhorei no sábado e me sentia quase a 15% pra poder viajar. Neste ritmo contagiante cheguei no aeroporto, encontrei o Cainelli na fila do "chequinho" e fiquei sabendo que ia no mesmo vôo que a irmã dele. Ia, como eu me recuso a me submeter a normas de conduta de companhias aéreas fiquei me despedindo/fumando e na entrada do embarque recebi a informação que eu, além de ter atrasado a vida de 300 passageiros, havi perdido o vôo. OPA! Tensão? Nada, sem tempero não tem graça, seu garçom.

Acabei pegando um vôo que chegava em cima da hora do meu horário de check-in em São Paulo. Todos os meus sonhos de ir num vôo vazio que me permitisse dormir como um ser humano no vôo de 10h se acabaram com a presença de um vietnamita com boné dos yankees do meu lado e que me cutucou porque queria ir no banheiro (ao menos eu estava no corredor) na única vez que eu havia sido bem sucedido em uma tentativa de soneca. Valeu aí sudeste asiático. Napalm pra vocês.

Sério, avião mais apertado do mundo e eles ainda nos fazem passar pela primeira classe e pela executiva, o que é muito humilhante e degradante (acho que o seu Seinfeld já comentou isso num dos seus stand-up shows). Piores filmes, também. Primeiro um de uma guria que vivia numa ilha e lia livros, mas ao menos era cinema americano, recheado de lógica digerível. O outro era cinema catalão, totalmente estúpido sobre um guri ruivo que apanhava na escola e conseguia uma namorada por isso (Te Pego Lá Fora versão debilóide).

Bom, cheguei em Madrid. Nada como ter visto. Eles realmente incomodam brasileiros, ao passo que pessoas de outros países da América do Sul eles são uns doces (rá, queriam nos colonizar e não conseguiram, losers). Mas foda-se, nem me perguntaram nada, YO TENÍA EL VISADO.

Maior aeroporto do mundo. Tive que pegar um trem pra chegar na esteira de bagagem. E a bagagem já estava lá, como pode? Sério, um trem. Buenas, saí, né, e aquele terror de não ter ninguém te esperando ou dando a mínima pra ti (gol do grêmio, VAMO!). Peguei um táxi pra não me sentir sozinho e praticar o espanhol. Tá um lixo ainda, mas já melhorou um pouco desde que cheguei (12 horas atrás). Vai se falando e vai voltando.

Bom, larguei minhas coisas numa pensão e saí pra caminhar, o que fiz por 8 horas consecutivas. Também não paro mais de caminhar, a única vez que resolvi me sentar ao lado do tal do Parque do Retiro me pára uma viatura policial e o cara vem me fazer perguntas sobre tentativas de arrombamento de carros naquela área, que eles tinham recebido uma ligação de um morador. Ah pá puta que os pariu. TENTATIVA de arrombamento, que criminalidade subdesenvolvida nessa Europa. Dá 14 segundos pra qualquer moleque da Restinga e já era, tá ligado? Mas aí o cara desconfiou de mim apesar de eu não ter me mexido e ter fumado tranquilamente um cigarro enquanto ele me interrogava e olhava pra todos os lados. Dei meu passaporte, saca? O cara pergunta porque eu ainda não tirei meu documento de estrangeiro. Porra, cheguei agora, mermão! Sulamericano só se fode mesmo.

Fiquei bandeando mais um tempo, cuidando pra não parar mais de um nanossegundo no mesmo lugar, só pra não dar pano pra manga, manja? Fui num locutório ligar pra casa e olhar meus emails e quase desmaiei. Opa, fazia 10 horas que eu não comia nada. Comprei um gatorade e comecei minha jornada em busca de comida e um banheiro porque minha bexiga tava do tamanho do saco do papai noel em noite de são nicolau. Burger King. Ah! Como é doce o sabor da América do Norte!

Agora tô aqui no Hostal Dulcinea, Calle de Cervantes (se não sacou o nome da pensão é porque precisa ler mais, mané), deitado numa cama relativamente macia e com a grnde vantagem de não ter um cambojano com bonés de beisebol me incomodando. Viva a solidão.

Ah, momento reflexivo. Durante minha caminhada pensei várias vezes: que diabos eu to fazendo aqui? não sei ainda, mas tenho 4 anos pra descobrir e não vou desistir tão fácil, tampouco ficar me lamuriando. Vou dar a estes espanhóis o sabor agridoce da minha personalidade e eles que sobrevivam a isso!

5 comments:

Anonymous said...

ferro neles, brou!!!!!!
beijuuuus!!!
Mi

Mateus said...

o que diabos eu to fazendo aqui?!? = pergunta universal.

e regojio em ver meu despeito por los chinos se espalhando como uma ma noticia.

epa.

Luciano Pyw said...

Eu me perguntei "O que Diabos eu to fazendo aqui?" quando eu tava em Genebra. Lá isso realmente fazia sentido.

Agora lembra dessa máxima toda vez que ficar na dúvida entre fazer ou não algo de afudê pelo velho continente: "GO HARD OR GO HOME!"

Ah! Se alguma gringa européia perguntar de mim, olha bem nos fundos dela, traga o cigarro e diz de forma lenta porém contudente: "He will be back soon, babe"

Anonymous said...

:)
:)
:)
:)

Mãe

Mir said...

é, pergunta universal.

gostei dos textos, e pode deixar que não vou mais ficar tímida em comentar aqui.

pyw: acorda, paulistas não são consideradas gringas européias.