Sunday, November 23, 2008

Derrocada

Nada pode ser tão destrutivo para um ser humano como adquirir uma consciência leviana da sua importância para a humanidade. Quando um homem se proclama um gênio para si mesmo, não para os outros (palavras, palavras, apenas palavras), ele dá início inevitável a uma derrocada espiritual giganteca.

Vejo a cada dia meu amigo Páris se perder em auto-suficiência e quantidades expressivas de álcool. Não se esvai apenas seu dinheiro, mas sua razão escorre pelos goles intermináveis de cerveja. Não crio a imagem hipócrita de negar o sabor e prazer do álcool, mas há um tênue (porém representativo) limite entre o mero consumo e a dependência de uma droga que altera o estado de cosnciência de uma pessoa.

Vejo meu amigo se perder em sua própria amargura, encontrando a resposta mais fácil e mais terrena. Qual a genialidade disto? Um pintor que não mais pinta. Um poeta que não mais busca o sentimento profundo. Um rato que se contenta com o raso. Um ser humano diferenciado que busca avidamente ser igual, que não suporta o que é e o que pode ser.

E minha mãe tem razão. São os filhos dela capazes de enfrentar o óbvio com as críticas que constróem como seres pensadores que são. Então me afasto. Não há amizade que pague pela desistência de ser absoluto, verdadeiro e melhor.

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